Sobre o livro: 2013 / A velha parteira balançou as pernas para fora da cama e esfregou os olhos com os punhos. A luz brilhante e implacável do sol já havia enchido a casa, desenhando um retângulo branco deslumbrante no chão em frente à porta aberta. A velha moveu as pernas para o lado para que o sol não as queimasse e tentou respirar com cuidado. Ela havia aceitado a ideia de que hoje era um daqueles dias em que cada respiração não apenas enche os pulmões de oxigênio, mas os seca. Basta mover-se - bem, por exemplo, tirar uma mecha rebelde de cabelo da testa - e o suor escorrerá imediatamente pelas costas, acumulando-se na cavidade entre as nádegas, escorrendo da testa para o espaço entre os seios, e então tudo o que resta é agradecer a Cristo Salvador por ter dado a uma pessoa sobrancelhas que evitam que essa umidade salgada e ardente inunde seus olhos.